Campanha Dia Livre de Impostos, realizada pela FCDL-MS, alerta para o peso da carga tributária e convida lojistas a participarem da ação no dia 29 de maio
Antes mesmo de pensar em guardar dinheiro, investir ou consumir com liberdade, o brasileiro precisa pagar a conta do Estado. Em 2025, isso significa trabalhar 149 dias — quase cinco meses inteiros — apenas para cobrir impostos, taxas e contribuições exigidos pelos governos federal, estadual e municipal. É como se só no fim de maio o contribuinte começasse, de fato, a trabalhar para si.
De acordo com o estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), em 2024 os tributos representaram 40,71% do rendimento médio anual do brasileiro. O número representa um aumento em relação a 2023, quando a carga foi de 40,27%, exigindo 147 dias de trabalho.
Embora o patamar atual seja inferior ao observado entre 2017 e 2019 – quando a média chegou a 153 dias – a carga tributária permanece elevada. Em 2003, os tributos consumiam 36,98% da renda anual dos brasileiros, e nos anos 1970 eram necessários apenas 76 dias para cumprir as obrigações com o fisco.
Impostos de país desenvolvido, retorno aquém
O IBPT também elaborou uma comparação internacional utilizando dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Segundo o levantamento, o número de dias de trabalho exigido no Brasil se aproxima de países como Noruega, Áustria, Finlândia e Bélgica, onde a média varia entre 155 e 162 dias. No entanto, diferentemente dessas nações, que oferecem serviços públicos de alta qualidade em saúde, educação e segurança, o retorno percebido pelos brasileiros ainda está muito aquém.
Outros países com cargas tributárias elevadas, como Alemanha (143 dias), Eslovênia (138), Espanha (137), Reino Unido (129) e Japão (124), demandam menos tempo de trabalho do que o Brasil para o pagamento de tributos. A Suíça, por exemplo, exige apenas 100 dias.
Dia Livre de Impostos
Diante desse cenário, o Dia Livre de Impostos (DLI) surge como um movimento de conscientização que busca evidenciar o peso da carga tributária no cotidiano do brasileiro. A campanha é promovida nacionalmente pela Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) e, em Mato Grosso do Sul, é realizada pela Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas (FCDL-MS), com o apoio das CDLs municipais.
Em 2025, a data escolhida para o DLI — 29 de maio — marca simbolicamente o 149º dia do ano, número que corresponde ao tempo médio que o contribuinte precisa trabalhar apenas para cumprir suas obrigações fiscais. A campanha busca tornar esse número mais tangível por meio da venda de produtos com o valor dos tributos abatido, em estabelecimentos participantes. As lojas estarão devidamente identificadas com a sinalização da ação.
Para a FCDL-MS, o debate sobre a reforma tributária e a transparência na aplicação dos recursos públicos é urgente e necessário. O DLI é uma ação educativa e simbólica que chama a atenção da sociedade para um problema estrutural: a complexidade do sistema tributário brasileiro, a elevada carga sobre o consumo e o baixo retorno em serviços essenciais.
Por Djeneffer Cordoba – Jornalista
